A Mulher Samaritana
- Ester Carrilho
- 28 de abr. de 2018
- 9 min de leitura

Você já ouviu falar na mulher Samaritana? Você sabia que ela foi muito importante para o alcance do Evangelho para o povo de Israel? Mas ela tinha um passado duvidoso e seu povo também era inimigo dos Judeus. Você vai descobrir coisas fascinantes nesta “lupa” que vamos colocar na história desta mulher.
Objetivos
Despertar a atenção da igreja com a Dinâmica do Salgadinho.
Entender o que é o poço de Jacó, quem são os Samaritanos e quem é a mulher Samaritana.
Observar versículo a versículo o desenvolvimento do diálogo entre Jesus e esta mulher;
Entender o significado da “água viva” que Jesus nos oferece até os dias de hoje;
Desafiar todos a identificar qual é o seu poço, o seu lugar de sofrimento e vergonha, para beber da água viva e ser liberto para sempre.
Hora de despertar
Dinâmica do salgadinho – Colocar uma mesa no centro da roda e uma do lado de fora.
Antes de começar a reunião, colocar em potes vários salgadinhos (tipo fandangos, torcida, cheetos). Disponha-os sobre a mesa que está no centro da roda. Deixá-los disponíveis para quem quiser beliscar durante a reunião.
Na mesa do lado de fora deixar copos com água gelada, suco ou refrigerante, em um local à vista de todos, porém para pegar, a pessoa terá que se levantar e sair da roda.
O objetivo desta dinâmica não é promover momentos de comunhão, apesar dos participantes acreditarem que é isso, mas o objetivo é provocar sede.
Conforme os participantes forem chegando, vá oferecendo os salgadinhos. Para disfarçar, explique que hoje você quis fazer algo diferente e separou uns petiscos para todos se deliciarem.
Você pode combinar previamente com dois participantes, que serão seus cúmplices, para levantar, beber água, oferecer salgadinhos e água para os outros.
Inicie a reunião normalmente e observe o tempo todo se algum participante vai buscar a água para matar a sede provocada pelo salgadinho. Observe as reações. Essas informações serão usadas no final da palavra.
Conexão
O poço de Jacó
Joao 4: 3-6 - Este é o ponto central onde ocorre o encontro de Jesus com a Samaritana. O poço de Jacó está localizado perto do caminho que vai de Jerusalém a Naplusa.
Jesus, que vinha de Jerusalém, onde a rivalidade com os fariseus se fazia muito forte, fez uma retirada pontual, partindo para a Galiléia, ao norte do país. O mestre percorreria cerca de 175km para chegar ao seu destino.
Um Judeu a caminho da Galiléia, costumava dar uma considerável volta, para evitar ataques que lhe reservavam os samaritanos. Mas Jesus muda o seu trajeto e chega, com seus discípulos, ao poço que há muitos séculos, Jacó tinha dado a José, seu filho. Jesus preferiu estar no lugar onde estavam os rejeitados.
Joao 4: 7-8 – Primeiramente Jesus chega na cidade de Sicar, depois libera seus discípulos para ir comprar comida, Jesus fica sozinho e se direciona para o poço de Jacó. Observe que maravilha: por ser onisciente, Jesus sabia que a Samaritana estava para chegar e ficou ali esperando por ela. Ele mudou o seu trajeto para encontrar propositalmente com esta mulher e desenvolver o diálogo que mudaria para sempre a história de Samaria e a nossa história.
Ele inicia a conversa de forma bem informal: - “Dá-me de beber.”
Quem eram os Samaritanos?
Os Judeus e os Samaritanos estavam envolvidos em uma disputa secular de ódio, preconceito e discriminação.
Este conflito teve início após a morte do rei Salomão, quando aconteceu a revolta das tribos de Israel, conhecido como Cisma. O reino foi dividido em duas partes. O reino de Judá, mais ao sul, sob o comando de Roboão (filho de Salomão) e o reino de Israel, ao norte, comandado por Jeroboão.
O reino do norte, reino de Israel que englobava dez tribos, foi posteriormente invadido pelos assírios. Os assírios tinham como tática miscigenar a população conquistada através de casamentos, diminuindo o seu sentimento nacionalista e evitando possíveis revoltas por independência. Também adoravam a outras divindades. O povo de Israel que pertencia ao reino do norte eram os Samaritanos, considerados como pagãos pelos demais Judeus.
Joao 4: 9 – Por isso, a mulher Samaritana acha estranho um Judeu conversar com ela.
Quem era a mulher Samaritana?
João 4:6 - Era hora sexta (por volta de meio-dia) quando o mestre inicia o diálogo com a mulher samaritana.
Interessante constatar que ao meio-dia não era o horário normal de retirar água do poço de Jacó, naquela região. O clima quente e seco, o sol escaldante, fazia com que as mulheres buscassem água em outra hora.
Talvez a mulher Samaritana tenha programado a sua ida ao poço em uma hora em que as outras estariam preparando o almoço, cuidando de suas famílias, podendo assim evitá-las.
João 4:16-18 - Mas por que evita-las? Pode ser, que por estar vivendo em fornicação, sofria preconceito, era considerada uma pecadora imoral. Ninguém queria sua amizade. O poço era um castigo, uma tortura para ela .
Outra possibilidade é que uma vez que não era seu servo, mas ela mesma que foi tirar água, concluímos que ela provavelmente não era rica e, portanto, simplesmente não podia tirar água nos horários de maior conforto.
Sobre os cinco maridos, também existe outra possibilidade: talvez ela tenha experimentado a morte de cinco maridos, ou os maridos podem ter sido infiéis a ela ou até mesmo os maridos se divorciaram dela por sua incapacidade de ter filhos (isso tudo era permitido por lei).
De qualquer forma, fica claro que ela queria encontrar a felicidade em um casamento e não conseguiu. Talvez agora ela poderia ser até amante de um homem casado (Jesus disse sobre o marido: “e o que tu tens agora não é teu”).
Devido ao histórico desta mulher, existe uma grande chance dela ter sido uma mulher triste, depressiva e sofrida.
Dinâmica Palavra
Jesus e a Samaritana
Agora vamos ler versículo por versículo que relata o diálogo entre Jesus e a Samaritana e olhar com cautela o que aconteceu nesta história, descrita em João 4.
v.7-10 – Assim que vê a mulher se aproximando, Jesus inicia a conversa de forma bem informal: - “Dá-me de beber.”
A mulher Samaritana provavelmente reconheceu que Jesus era Judeu pela sua roupa Judaica tradicional. Jesus certamente estava usando franjas rituais em obediência à Lei de Moisés (Nm 15:38 e Dt 22:12). Afinal, os Samaritanos também conheciam as leis do pentateuco. Ao mesmo tempo, ela se sente segura com Jesus, pois, como ele não é de sua aldeia, ele não sabe sobre sua vida.
Surpresa, ela não o responde com “sim” ou “não”, mas ela faz uma pergunta, questionando a atitude de Jesus: - “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”
O diálogo entre os dois muda de clima já na primeira resposta de Jesus: Ele introduz Deus na conversa (Se você conhecesse o dom de Deus ) e se coloca na mesma altura de Deus (e quem lhe está pedindo água) e já fala por simbolismo, chamando a atenção da mulher para algo novo: a água viva.
Eu creio que de imediato a mulher não entendeu absolutamente nada do que Jesus estava falando. Jesus transferiu para ela a sede. Agora não era mais Jesus que tinha sede, mas a mulher que deveria pedir água. Mas não uma água fresca e sim a água viva!
v.11 - A resposta da mulher testifica que ela não entendeu o que Jesus queria dizer. A “água viva” é algo espiritual, no entanto ela pensava na lógica, na vida material, ela disse: “mas o poço é fundo”.
Ela não sabia que a “água viva” que Jesus se referia também é retirada de um fundo poço: na profundidade do amor de Deus.
v.12 - A mulher começa a desconfiar da declaração de Jesus apontando a incapacidade dele em fornecer essa tal água.
v.13-14 – Jesus, com muita paciência, explica o que é a água viva, termina dizendo que é uma fonte que jorra para a vida eterna. Deixa bem claro que essa água é espiritual.
v.15 – Mas, ela continua sem entender o que significa essa “água viva”. Estava focada na comodidade de não precisar mais voltar a retirar água do poço.
v.16-18 - Já que ela não entendeu a sua mensagem, era a hora de fazê-la entender quem estava ali na sua frente: Jesus, com muito jeitinho e cuidado, começou a mostrar que era onisciente e revelou segredos da vida pessoal da mulher. Mesmo ela tendo contado uma mentira, dizendo que não tinha marido, Jesus a desmente de forma amigável, para não envergonhá-la diante do seu pecado (porque teve cinco maridos e o que ela vive hoje não era seu marido, estava em fornicação) ele faz um trocadilho com as palavras: “o que agora tens não é teu marido” . Somente alguém com muita intimidade com Deus poderia fazer isso. Neste caso, era o próprio Deus.
v.19 – Então, “Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.” Até que enfim! A ficha caiu! Ela agora começa a entender que a conversa não está aqui na terra, mas no céu.
v.20 – Mas Jesus é interrompido com uma mudança drástica de assunto: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” Será que ela estava tentando evitar falar dos seus problemas? Desviando o assunto para questões doutrinárias? Podemos entender que ela faz uma afirmação sobre uma questão que tem a ver com a diferença teológica fundamental entre os Judeus e os Samaritanos. Quando ela entende que Jesus é um líder espiritual, sua mente se volta para as contendas entre os povos.
v.21-24– Jesus, exemplo de paciência e longanimidade, ignorou a provocação e desviou do assunto e aproveitou a circunstância para revelar o motivo pelo qual Ele veio: salvar a todos, independente da nação a que pertencem, independente do lugar onde se reúnem. O que importa agora é a adoração, a vida espiritual e a salvação: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” Não é o lugar que você está que vai te levar a adorar, mas você transforma o lugar que você está em ambiente de adoração.
v.25 - Aqui ela já identificou que a conversa não era para qualquer um. Mas eram palavras que só poderiam vir de alguém muito especial: o tão esperado Cristo, o Messias. Lembrando que os Samaritanos também acreditavam nas profecias de Israel.
v.26 - Foi para esta mulher pecadora e cheia de dúvidas que Jesus decidiu dizer quem Ele era. Ele não escolheu líderes religiosos para dizer que Ele era o próprio Deus.
v.27-29 – Ela bebeu da “água viva”, todos os homens queriam seu corpo, mas ela agora encontrou o homem que queria a sua alma. E ela entendeu rápido, muito mais rápido do que muitos discípulos que conviviam com Jesus todos os dias. Os discípulos chegaram e logo ficaram abismados de ver Jesus falando com uma mulher, mas não fizeram nenhuma pergunta. Apenas olharam.
Vendo os discípulos chegarem, ela largou tudo e foi correndo contar as boas novas: “O Messias, o salvador do mundo está entre nós!”
Dinâmica do salgadinho – continuação
Depois do estudo, diga: Vocês gostaram dos salgadinhos? Na verdade eles serviram para fazer um teste com vocês. Eles estavam aqui para provocar sede.
Citar a reação do grupo: quem levantou mais vezes, quem não se levantou. Se alguém ficou com preguiça de ir buscar algo para saciar a sua sede e etc...
A sede é uma necessidade fisiológica do nosso corpo, todos nós temos sede, uns mais, outros menos. O fato é que sem água nós não sobrevivemos.
O mesmo acontece com a “agua viva” que Deus nos dá: sem ela não podemos sobreviver espiritualmente. Sem beber desta água nunca teremos os nossos desejos saciados. E quem tem sede de Deus sente algo semelhante à sede fisiológica, onde você não aguenta ficar muito tempo sem buscar a Deus.
O que significa “beber da água da vida”? Significa se saciar com a presença e o amor de Deus. Mergulhar nas Suas fontes, desfrutar do frescor e alívio que Ele nos dá.
Na nossa dinâmica, quem estava com sede precisou sair do seu lugar para ir buscar a água. Assim também somos nós em relação à fonte de água viva: precisamos ir lá para buscar. Precisamos ter o desejo de saciar a sede que temos em Deus. É preciso experimentar!
Existem crentes que podem estar na igreja, mas nunca beberam desta água. Isso porque não tem desejo nenhum em buscar a Deus. Se contentam em apenas se alimentar, mas não querem “beber” de Deus.
Quando bebemos água, suco ou refri, esse líquido vai se transformar em urina, seu corpo vai eliminar o que sobra, para purificar o seu corpo. Diferente de quem bebe da “água viva”, este se torna uma fonte de água que jorra para a vida eterna.
Você sabe se um crente já bebeu dá água viva quando ele transmite vida para todos que estão ao seu redor. Da sua boca saem palavras de vida, ele profetiza cura, não tem derrota, vive praticando a fé.
E você, será que já bebeu desta água viva?
Desafio
Pense agora em qual tem sido o seu “poço” o seu lugar de sofrimento, onde ainda existe muita vergonha e dor. Vamos ter um momento de oração e busca da presença de Deus e você vai beber da fonte da “água viva” hoje. Continue durante esta semana buscando a Deus em sua casa. Separe um horário todos os dias para isso.
Textos extraídos dos sites: http://www.rudecruz.com/missoes-e-a-mulher-samaritana.php
https://blog.israelbiblicalstudies.com/pt-br/jewish-studies/revisando-historia-da-mulher-samaritana-joao-4/
http://solascriptura-tt.org/DoCoracaoDeValdenira/MulherSamaritanaAQueAdorouADeus-Valdenira.htm
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